terça-feira, 27 de maio de 2008

Direitos Humanos debate desaparecimentos na Guerrilha do Araguaia


A questão dos desaparecidos durante a Guerrilha do Araguaia - uma ação do Partido Comunista do Brasil para resistir, pelas armas, à ditadura militar - foi debatida segunda-feira (12/05/08), às 19 horas, no auditório da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, a requerimento do deputado Carlin Moura (PCdoB). Na ocasião, foi lançado o livro "O Gigante da Guerrilha - Osvaldão e a saga do Araguaia", uma biografia do líder guerrilheiro Osvaldo Orlando da Costa, abatido em Xambioá pelas tropas do Exército comandadas pelo coronel Sebastião Curió.
Segundo Carlin Moura, Osvaldão era mineiro de Passa Quatro e se tornou líder da guerrilha sem ser liderança formal do partido. "Reverenciar sua memória significa não só reconhecer o seu papel heróico de líder na batalha, mas destacar que Minas sempre forneceu combatentes contra o arbítrio e o totalitarismo", disse ele.
A audiência da Comissão de Direitos Humanos tratou do caso de cerca de 70 militantes do PCdoB que teriam desaparecido durante o período 1968-72, quando ocorreu a guerrilha do Araguaia. Teriam sido mortos 65 deles, entre combatentes e camponeses que aderiram à causa. O debate sobre a guerrilha teve a participação de familiares de Osvaldão, que pela primeira vez se dispõem a comparecer a eventos comemorativos, segundo a assessoria do deputado.
A biografia, preparada pelo escritor Bernardo Joffily, revela que Osvaldão era um negro muito alto e forte, foi campeão brasileiro de boxe pelo Botafogo e depois formou-se em Engenharia na antiga Tchecoslováquia. No Araguaia, surgiu a lenda de que tinha o corpo fechado, já que não foi ferido em vários combates com o Exército Brasileiro. Ao ser morto, em 1972, numa grande operação militar comandada pelo coronel Curió, teve seu corpo amarrado ao trem de pouso de um helicóptero e foi levado para ser mostrado nas diversas aldeias e povoados que apoiavam o movimento guerrilheiro.
Participaram dos debates, além de Joffily, o deputado Carlin Moura, a deputada federal Jô Moraes (PCdoB); a sobrinha de Osvaldão, Maria Elisa da Costa; e a professora Sandra Brisolla, que se formou com ele na Tchecoslováquia.